sábado, 20 de dezembro de 2008

HORA DE CRISE, HORA DE MUDANÇAS


Existe uma enorme quantidade de ditados populares que podemos usar no momento atual: “há males que vem para o bem”, “não há mal que nunca acabe”, “depois da tempestade vem a bonança”, “no começo é assim, depois melhora”, e tanto outros que daria para escrever um artigo só citando ditados, todos eles buscando uma forma de fazer com que tenhamos esperanças e torçamos pelo fim da “marolinha” que está modificando conceitos, quebrando paradigmas e arrastando muitos para o descrédito.
Já que falei de ditado, irei me aproveitar de um, “tudo tem um lado bom”. A recessão que se anuncia nos EUA e também em alguns países da Europa somada à diminuição no consumo em alguns outros países, pode ser boa para o mundo, se pensarmos no meio ambiente. A queda no preço da soja certamente servirá de desestímulo ao avanço da oleaginosa sobre as matas nativas, assim como a queda do preço do boi. De que adianta desmatar ainda mais a Amazônia para desenvolver pastagens se o boi vai sobrar no pasto por falta de consumidor ou preço?
O mesmo desestímulo podemos estender à produção de aço. Claro que não queremos que o desemprego atinja, como já vêm atingindo, empresas como a Vale, Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e outras, inclusive da nossa região. Se pensarmos na diminuição que haverá no uso do carvão vegetal, que queima nos fornos das guzeiras, veremos que o avanço da crise sobre este setor afeta outros setores.
Se não houver demanda de carvão vegetal, para quem produzi-lo? Por que desmatar? Para quem vender a madeira retirada na criação de pastagens? (essa venda diminui e muito o custo de implantação do pasto). Se não houver motivo para produzir carvão, não será necessário que trabalhadores se sujeitem ao trabalho escravo nas carvoarias escondidas no meio da mata.
Outro setor da economia no qual se espera uma queda nos índices de crescimento, já no próximo trimestre, é setor da construção civil. Este é outro setor que utiliza madeira de desmatamento ilegal e tem avançado seus condomínios sobre áreas de mata nativa e mangues.
Sem sombra de dúvida um setor que já sofreu uma queda brusca foi o petrolífero. O barril que há seis meses atrás chegou a US$ 150.00, hoje bate nos US$ 36.00. É uma queda tão grande que a OPEP está reduzindo a produção para tentar pelo menos não deixar que fique abaixo desse patamar.
Ótimo! Menos produção de petróleo, ar mais limpo.
É hora de crise, é hora de mudança. A história nos ensina que nas maiores crises o homem sempre se superou e criou novas soluções. É hora de ser criativo e inovar. É hora de pensar em novos meios de produzir, sem destruir o meio ambiente e sem escravizar trabalhadores.
Se repentinamente apareceu dinheiro, no Brasil e no mundo, para socorrer bancos, montadoras de veículos e empreiteiras, porque não planejar melhor e programar recursos para um modo de produção sustentável. A natureza nos dá tudo e só pede respeito, vamos respeitá-la e utilizar seus recursos de maneira correta, sustentável, gerando emprego e renda, principalmente às comunidades que hoje são negativamente afetadas pelo crescimento desmedido.

Um comentário:

Isnande Barros disse...

Interessante nessa crise também o comportamento das grandes empresas multinacionais: quebradas querem dinheiro dos governos; enquanto vendiam seus carros ultrapassados e poluidores aos países em desenvolvimento nunca pensaram em distribuir parte de seus lucros gigantescos com seus funcionários. Qual são os programas sociais das grandes empresas?
Poucas desenvolvem tais ações.
Abraço.