segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nem tudo o que reluz é ouro

Esta semana o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE publicou a taxa de desemprego do mês de dezembro/2008, foi o menor índice desde que a série foi criada em 2002. O percentual caiu para 6,8%, frente aos 7,6% de novembro.
Temos motivos para comemorar? A resposta é simplesmente, não. Apesar de alguns jornais terem colocados em suas manchetes a boa notícia, quem consegue ler os periódicos, sem ter azia, pode perceber que existem algumas incongruências nas notícias veiculadas.
Um dos motivos da queda do percentual é que a economia mundial vinha aquecida até o mês de setembro, refletindo assim, nas contratações de fim de ano, já que os efeitos da quebradeira americana só se farão sentir mais profundamente neste primeiro bimestre de 2009.
Outro motivo, e este mais preocupante estatisticamente falando, é a forma como é feita a pesquisa. Só são considerados desempregados aqueles entrevistados que procuraram emprego nos últimos trinta dias e não conseguiram contratação. Se não procuraram, não são considerados desempregados, mesmo que estejam.
Quantas pessoas estavam desempregadas em dezembro e simplesmente não procuraram emprego, pelos mais variados motivos: empresas em férias coletivas; normalmente é um período em que não há contratações, excetuando-se os temporários; aguardaram o mês de janeiro quando as esperanças se renovam, e etc.
Todas essas pessoas ficaram num “limbo estatístico”, não estão contratadas para nenhum trabalho e também não estão desempregadas.
Só para comprovar o “desvio” na metodologia, basta consultar o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, do Ministério do Trabalho, pois, toda empresa alimenta-o mensalmente com a informação do total de demissões e admissões. A redução de vagas no mês de dezembro foi superior a 650 mil, mais que o dobro da média histórica para o mês. O índice reluziu, mas não é ouro.
Provado que estatisticamente pode-se atribuir a um número o valor que ele não tem, fico preocupado com os recentes altos índices de popularidade do Sr. Luis Inácio.
Será que nessas pesquisas estão ocorrendo “limbos estatísticos”? Eu particularmente nunca vi a metodologia dessas pesquisas, nem tampouco fui entrevistado. Nos meus 50 anos de vida já morei em diversas cidades de diversos estados desse país e nunca me deparei com um entrevistador perguntando sobre a popularidade de algum presidente. Você já foi entrevistado ou conhece alguém que foi?
Como quem contrata é o patrão, as perguntas podem ser feitas de maneira a induzir às respostas, claro àquelas que o contratante quer ouvir.
Pode reluzir, mas será que é ouro?

domingo, 18 de janeiro de 2009

O POUSO NO RIO HUDSON E O BRASIL


Esta semana o mundo viu a importância de se ter um bom, ou melhor, um ótimo piloto no comando, quando acontece uma pane.
O excelente piloto do Airbus 320, comandante Chelsey Sullenberger mostrou toda sua experiência - quando pousou o avião em pleno rio sem provocar a ruptura da estrutura da aeronave, seu poder de comando - quando conseguiu manter os passageiros e demais tripulantes calmos com sua firmeza e determinação e sua competência - quando finalmente salvou a vida de 155 pessoas.
São essas qualidades: experiência, poder de comando e competência, que esperamos do Sr. Luis Inácio no comando da nave Brasil nesse momento de pane na economia mundial. Pilotar um avião em céu de brigadeiro, sem nuvens ameaçadoras, sem panes nos motores, enfim com tudo correndo a favor é relativamente fácil, difícil é pilotar a nave quando as “coisas” não vão bem, quando entram aves nas turbinas.
O mundo e consequentemente o país vinha, nos últimos anos, voando sem sobressaltos, com céu limpo e ventos favoráveis, agora a coisa mudou, já entrou um ganso em um motor e depois do carnaval, aqui tudo acontece depois do carnaval, provavelmente outro ganso entre no outro motor. É nessa hora que esperamos que o Sr. Luis Inácio deixe de ser “cumpanheiro” e passe a ser comandante.
Antes do pouso forçado no rio Hudson o Sr. Sullenberger advertiu aos passageiros que “se preparassem para um impacto”, aqui quando se anunciou a crise, o Sr. Luis Inácio advertiu aos passageiros da nave Brasil que se aproximava uma “marolinha”. Ultimamente vem avisando que não é só uma marolinha, mas uma ondinha um pouco maior, acho que ele prefere avisar utilizando a metáfora do “o gato subiu no telhado”.
O que importa agora não é mais o aviso, mas sim ter a consciência de que se faz necessário tomar o manche e pilotar de maneira séria e segura, passar aos tripulantes (equipe) e aos passageiros (povo brasileiro) que o avião está nas mãos de quem já tem a experiência de seis anos de horas de vôo, que tem poder de comando para que seus tripulantes não fiquem emitindo sinais em sentidos contrários e que tem competência para salvar os todos os passageiros e não somente os que se encontram na primeira classe ou que são parentes e amigos da tripulação.
Espero que o Sr. Luis Inácio, que gosta tanto de metáforas, utilize-se do ocorrido no rio Hudson, se espelhe no comandante Sullenberger e conduza a nave Brasil para um pouso forçado, se necessário for, e não deixe o avião cair, principalmente sobre nossas cabeças.

Publicado no jornal O Progresso em 18 de janeiro de 2009 - Imperatriz-MA