quarta-feira, 28 de maio de 2008

Educação Já


"Todas as crianças precisam ter a mesma chance. Elas não podem ser discriminadas só porque nasceram em uma cidade muito pequena ou porque os pais são pobres e vivem em uma área de periferia. Elas devem ter a chance de estudar em escolas que são iguais às melhores escolas do país. Todas as escolas devem ter o mesmo padrão. Todos os professores e professoras devem ser formados(as) em universidades e cursos com a mesma qualidade. Isso é possível. Se você vai em uma agência do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal, em qualquer cidade do Brasil, o padrão de atendimento e de serviço é o mesmo; são instituições que mostram que o Estado brasileiro tem capacidade de gerar organizações que funcionam. Assim deveria ser também com as escolas. Professores e professoras bem remunerados(as), com meios de trabalho e ambiente adequados. Livros, currículo, computadores, tudo para ajudar a ter o mesmo padrão e a formar as crianças oferecendo-lhes a mesma chance. Os(as) professores(as) devem ter seus salários pagos pelo governo federal, seguindo um plano nacional de educação de qualidade e a escola gerenciada pela prefeitura e pela comunidade, aberta à participação dos pais, das mães e de toda a comunidade." Cristovam Buarque, em debate no plenário do Senado Federal, 10/8/2007

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Estulto ou astuto?



Sinceramente eu não sei como classificar o Sr. Luis Inácio, se como um político astuto: astucioso, sagaz, ou como estulto: carente de discernimento, tolo inepto.
Mas o pior mesmo será se ele for considerado astuto, pois nesse caso, nos considera, a todos, estultos.
Essa é a única explicação que encontro para os acontecimentos que ocorreram essas últimas duas semanas nos ministérios do Planejamento e da Fazenda, senão vejamos:
A semana passada o ministro Mantega informou que o Fundo Soberano Brasileiro (aquele criado para financiar as exportações) será financiado com parte do excedente do superávit primário, algo em torno de R$ 14 bi/ano;
A anunciada renuncia fiscal para a política industrial, notadamente para o setor exportador, é da ordem de R$ 21bi até 2011, ou seja, próximo de R$ 6 bi/ano;
A medida provisória (mais uma) enviada pelo Palácio do Planalto para o aumento dos servidores civis e militares aumenta o desembolso do governo passando de R$ 3,4 bi/ano para R$ 10,96 bi/ano, ou seja, aproximadamente R$ 7,5 bi/ano;
O aumento dos combustíveis que o governo resolveu absorver através da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), para ficar de bem com a classe média que esta comprando carro como nunca, vai gerar uma renúncia de arrecadação perto de R$ 2 bi/ano;
A isenção da cobrança do Pis/Cofins até o final do ano, na comercialização de trigo, de farinha de trigo e do pão francês, visando atenuar as elevações de preços desses produtos (só se esqueceram que as padarias na sua maioria são optantes do Simples e, portanto a isenção vai beneficiar os grandes empresários do ramo), deve contribuir com uma renúncia próxima a R$ 0,5 bi/ano.
Fechando as contas o governo nos últimos dias aumentou o gasto em R$ 21,5 bi/ano e promoveu uma renúncia de R$ 8,5 bi/ano, perfazendo um total de nada mais, nada menos que R$ 30 bi/ano, isso mesmo caros leitores trinta bilhões de reais só este ano para o setor exportador, para aumento do funcionalismo e para outros empresários.
Já para nós pobres mortais a arrecadação de impostos só faz crescer, am abril batemos um novo record R$ 59,7 bi, o número é 17,16% maior que o arrecadado no mes de março deste ano e 17,06% maior se comparado a abril de 2007, que contava com a CPMF.
E esta semana o governo vem dando a entender que quer uma nova CPMF, já que o Sr. Luis Inácio não engoliu a derrota do ano passado, claro que com outro nome, claro que não por Medida Provisória, mas por manifesto e vontade do congresso nacional, nossos representantes, ou seja, por nós. “O povo quer uma nova CPMF”.
Mas é uma contribuição pequena, só 0,08%, e a causa é justa, é para a saúde, exclusivamente para a saúde que precisa de recursos e, como vimos acima, o governo não tem de onde tirar, são somente R$ 8 bi/ano e a causa é nobre. Será que já não ouvimos esta história antes? Será que o Sr. Luís Inácio não está querendo ser astuto demais? Será que nos toma por estultos ou faz da sua estultice astúcia?
Publicado no jornal O Progresso de 25 de maio de 2008 em Imperatriz MA

sexta-feira, 23 de maio de 2008

“O meu desalento é profundo"


Discurso do então senador Jefferson Péres feito em 28 de agosto de 2006.


"Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois de uma longa ausência de algumas semanas, volto a esta Tribuna para manifestar o meu desalento com a vida pública deste País
Gostaria de estar aqui discutindo, como fez o Senador José Jorge, a respeito das riquezas naturais do Brasil, com as quais ele tanto se preocupa, e não como falarei, sobre algo muito pior: a dilapidação do capital ético deste País.
Senador José Jorge, poderíamos não ter um barril de petróleo nem um metro cúbico de gás, mas poderíamos ser uma das potências mundiais em termos de desenvolvimento.
O Japão não tem nada. Não tem petróleo, gás ou riquezas minerais. A Coréia do Sul também não tem nada disso, Senador Antonio Carlos, e nos dá um banho em termos de desenvolvimento não apenas econômico, mas também humano.
O que está faltando mesmo a este País e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer neste País o que precisaria ser feito: investimento em capital humano.
Vejam que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Por que não se reduz a campanha eleitoral a trinta dias e transfere-se o recesso de julho para setembro? Nós ficaríamos com o Congresso aberto, de Casa cheia, até 31 de agosto. Faríamos trinta dias de campanha em recesso oficial, remunerado.
Estamos aqui no faz-de-conta. Como disse o Ministro Marco Aurélio, este é o País do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado, estamos em casa sem trabalhar. Estou em Manaus há quase um mês, recebendo, sem fazer nada para o Congresso Nacional, pelo menos.
Como se ter animação em um País como este com um Presidente que, até poucos meses atrás, era sabidamente "como o é" um Presidente conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu neste País e este Presidente está marchando para ser eleito, talvez, em primeiro turno? É desinformação da população? Não, não é.
Se fizermos uma enquete em qualquer lugar deste País, todos concordarão, ou a grande maioria, que o Presidente sabia de tudo. Então, votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da classe política, não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira. Ele vai voltar porque o povo quer que ele volte. Democracia é isso. Curvo-me à vontade popular, mas inconformado.
Esta será uma das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos por parte de governantes não têm mais importância. Isso vem até da classe dos intelectuais, dos artistas. Que episódio deplorável aquele que aconteceu no Rio de Janeiro semana passada! Artistas, numa manifestação de solidariedade ao Presidente, com declarações cínicas, desavergonhadas, Senador Antonio Carlos Magalhães!
Um compositor dizer que “política é isso mesmo, fez o que deveria fazer”, o outro dizer que “política é meter a mão na ‘m’”! Um artista, em qualquer país do mundo, é a consciência crítica de uma nação. Aqui é essa, é isso que é a classe artística brasileira, pelo menos uma grande parte dela, é o povo conivente com isso.
E pior, pior ainda: os artistas estão fazendo isso em interesse próprio, porque recebem de empresas públicas contratos milionários - isso é a putrefação moral deste País - , e o povo vai reconduzir o Presidente porque “política é isso mesmo”.
Tenho quatro anos de Senado. Não me candidatarei em 2010, não quero mais viver a vida pública. Vou cumprir o mandato que o povo do Amazonas me deu, não vou silenciar. Ele pode ser eleito com 99,9%. Eu estarei aí na tribuna dizendo que ele deveria ter sido mesmo destituído.
O que ele fez é muito grave. É muito grave. Curvo-me à vontade popular, mas não sem o sentimento de profunda indignação. A classe política já nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já participei.
É a pior legislatura da qual já participei, Senador Antonio Carlos Magalhães. Nunca vi um Congresso tão medíocre. Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a quem cumprimento. Mas uma maioria, infelizmente, tão medíocre, com nível intelectual e moral tão baixo, eu nunca vi. O que se pode esperar disso aí? Não sei. Eu não vou mais perder o meu tempo. Vou continuar protestando sempre, cumprindo o meu dever.
Não teria justificativa dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não!
Um País que tem um Congresso desse, que tem uma classe política dessa, que tem um povo... Senador Antonio Carlos Magalhães, dizem que político não deve falar mal do povo. Eu falo, eu falo. Parte da população que compactua com isso? É lamentável. E que sabe. Não é por desinformação, não. E que não é só o povão, não. É parte da elite, inclusive intelectual.
Compactuam com isso é porque são iguais, se não piores. Vou continuar nessa vida pública? Para quê, Senador Antonio Carlos Magalhães? Eu louvo V. Exª, que é um pouco mais velho do que eu e vai continuar ainda. Mas, para mim, chega!
Vou continuar pelejando pelos jornais e por todos os meios possíveis, mas, como ator na vida política e na vida pública deste País, depois de 2010, não quero mais! Elejam quem vocês quiserem! Podem chamar até o Fernandinho Beira-Mar e fazê-lo Presidente da República - ele não vai com o meu voto, mas, se quiserem, façam-no.
O meu desalento é profundo. Deixo isso registrado nos Anais do Senado Federal. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos pouco me importa. Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente desencantado com ela.

terça-feira, 20 de maio de 2008

POBRE POBRE



Coloquei esse título para não colocar algo mais pejorativo, do tipo “coitado do pobre”, ou “pobre lascado”, como utilizou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Marcio Pochmann ao comentar sobre as condições de moradia dos mais pobres “o pobre esta lascado por morar na favela, as mansões pagam menos impostos que as favelas”, se referindo ao montante de 1,8% da renda despendida pelos 10% mais pobres para pagar o IPTU, enquanto que os mais ricos gastam 1,4%. Esse dado foi obtido através de um estudo realizado pelo instituto sobre a carga tributária brasileira. Essa pesquisa releva ainda que os 10% mais pobres comprometem 32,8% da renda com o pagamento de impostos e contribuições, enquanto que os 10% mais ricos pagam 22,7% em impostos.
Parece que nada pode ser pior que isso não é? Mas pode sim, pode porque outro dado da pesquisa mostra que 75% da riqueza do país esta na mão de 10% da população, ou seja, os restantes 90% dividem 25% da riqueza que produzem. Vamos fazer uma conta simples, se o Brasil crescer 4,5% esse ano o PIB previsto é de R$ 2,7 trilhões, este é o total que os estimados 185 milhões de brasileiros produzirão este ano, cabendo a cada um produzir em média R$ 14.594,60. Se 75% do valor agregado de todos os bens e serviços produzidos ficam com os 10% mais ricos eles levam em média cada um R$ 109.459,46 e os restantes 90% ficam em média com R$ 4.054,05, ou seja, 3,7% da renda média do rico.
Se levarmos em conta que o peso da tributação indireta é muito maior do que o da tributação direta, a carga tributária é maior quanto menor for à participação na renda.
E o governo para melhorar ainda mais cria o Fundo Soberano para, segundo o ministro Mantega, “apoiar projetos de interesse estratégicos do país” e para criar o fundo toma-se mais dinheiro emprestado.
Propõe uma desoneração fiscal de R$ 21 bilhões para o setor exportador, ou em outras palavras, reduz impostos de um setor específico só para compensar a baixa do dólar, mas esse é outro assunto.
Promove aumento nos preços dos combustíveis, subsidiando a gasolina, que afeta muito mais as classes alta e média e não subsidiando o diesel que acarreta aumento nos alimentos que como é sabido afeta ainda mais a renda dos mais pobres.
O presidente do IPEA de maneira demagógica sugere que se crie um imposto sobre grandes fortunas e argumenta que “se cobrasse 1% dessas pessoas, teria R$ 100 bilhões a mais nos cofres”, ou seja, propõe aumentar a carga tributária gerando novo imposto e nos bem sabemos onde recai a criação de novos impostos, sempre nos mais pobres, pois, o rico consegue repassar o aumento através dos preços dos produtos que nos compramos, o rico ganha o que gasta, o pobre gasta o que ganha. Porque não propõe a redução ou eliminação dos impostos nos produtos da cesta básica para dividir melhor a renda? O não gasto significa também aumento.
Porque não viabilizam a redução os juros da dívida interna, que já está em aproximadamente R$ 1,4 trilhões (52% do PIB), e alimenta banqueiros que nunca antes na história desse país ganharam tanto?
Porque não investe mais em educação? A falta de instrução nunca trouxe renda e riqueza, (exceto para alguém em particular).
Eu sempre ouço e leio que “Temos que acabar com a pobreza”, mas nunca ouço ou leio “Vamos dividir a riqueza”. O PIB é um só, o que produzimos é um fato, é um número real, é um valor tirado do suor do povo brasileiro, nada mais justo que esse suor e essa riqueza sejam mais bem divididos.

Publicado no jornal O Progresso em 18 de maio de 2008 Imperatriz-MA

sábado, 17 de maio de 2008

MANCHETES DO JORNAL DO BRASIL

Ontem dia 16 de maio de 2008 ao ler o Jornal do Brasil me chamaram a atenção os títulos das matérias nas paginas de economia:


-A transformação do poder econômico em golpe
-Pobre paga mais imposto que rico
-América Latina: cai a previsão de crescimento
-Mais um recorde na Bovespa
-FGV diz que aumentos de preços vão continuar
-FMI elogia iniciativa e prevê novos avanças
-Bancos tem rentabilidade maior com o governo Lula
-Monopólio do urânio pode acabar.



E eu vivo ouvindo o Luis Inácio falar que o governo dele é popular, que é voltado para as classes carentes e que azelites não gostam dele.
Só se carente for banqueiro e quem paga mais imposto for daszelite.

domingo, 11 de maio de 2008

SEGURANÇA ALIMENTAR


O assunto que vem dominando as pautas das mídias, impressa, falada e eletrônica, em todo o mundo atualmente é a falta de alimentos e a inflação nos preços, decorrente dessa falta. Em cada informação que se olha acha-se um culpado, ora é o aumento de consumo pelas classes mais pobres do mundo, como se pobre estivesse agora participando de banquetes para combinar como dominar o mundo através do consumo, Ora é a produção de biocombustíveis no Brasil, como se fosse possível do dia pra noite trocar a plantação de arroz, feijão e outros grãos por cana de açúcar. Outra ora são as commodities agrícolas sofrendo especulação dos abutres financeiros fugindo do mercado sub prime americano, etc, etc, etc.
Nunca vamos achar um “culpado” exclusivo, ou seja, não há uma única causa, é uma maneira muito simplista acusar essa ou aquela classe de consumo, esse ou aquele governo, esse ou aquele investidor, na verdade o que ocorre é um conjunto de fatores que terminam por acarretar um fato.
Os pobres estão comendo mais? Não! Estão comendo. O que é básico para qualquer um de nós, para muitos pelo mundo afora, principalmente nos países do terceiro mundo, esta se tornando algo possível, se alimentar.
O Brasil produz álcool da cana de açúcar a mais de 30 anos, temos a melhor tecnologia, o melhor solo, o melhor clima, as melhores sementes, resumindo nesse campo dominamos e isso não é visto com muitos bons olhos pelos nossos amigos do norte. Trocamos sim alguns alqueires de gado de corte por área de cana, mas nem por isso deixamos de ser o principal exportador de carne no mundo, o que mostra que não foi isso que trouxe fome, até porque a falta é de proteína vegetal e não animal e menos gado significa menos alimento para bois (soja, milho, etc) e mais para pessoas.
Ataque especulativo sobre as commodities, sim há e gerou aumento nos preços, pois, as próximas quatro safras mundiais já foram negociadas nas bolsas de mercadorias, só que este fato não é assim tão divulgado, fica só entre os especialista, porque remete a um fato anterior e este sim podemos chamar de fato gerador da crise atual. Notem que chamo de fato gerador e não único.
O fato que propiciou, que possibilitou, que criou condições para que a segurança alimentar fosse fragilizada, foi a Rodada do Uruguai. Antecessora à Rodada de Doha e criadora da Organização Mundial do Comércio - OMC, essa rodada de negociações visando reduzir o protecionismo internacional acabou na verdade por reduzir os estoques, principalmente os estoques americanos com a alteração na Farm Bill, a lei agrícola dos Estados Unidos.
Antes os EUA praticavam uma política de estoques reguladores, definiam um preço mínimo para os produtos e se os preços de mercado ficassem abaixo desse mínimo, o governo adquiria a produção e ficava com estoques para atuar na entressafra. Com a mudança da lei o governo manteve o preço mínimo, mas em vez de adquirir os estoques quando os preços caiam, passou a pagar a diferença em dinheiro aos produtores.
Os compradores externos passaram então, na entressafra americana, a recorrem à produção mundial, por exemplo, do Brasil que também reduziu seus estoques reguladores.
Agora o mundo se deu conta de que não dispõe mais de estoques reguladores disponíveis no mercado mundial e cada país produtor, para se proteger, fechou suas exportações. A este fator sim podemos somar:
A produção de biocombustíveis, mas a produção americana e européia que em detrimento de alimentos gera álcool, que custa o dobro do nosso;
O movimento especulativo dos fundos de investimento em direção ao mercado de commodities agrícolas; e
A alta nos preços do petróleo iniciada principalmente depois da invasão do Iraque pelos EUA.
Estes fatores somados e não um único gerou a crise e a inflação alimentar mundial.
Publicado no jornal O Progresso - Imperatriz - MA em 11/05/08

domingo, 4 de maio de 2008

INVESTMENT GRADE

Muitos estão achando que agora o Brasil vai entrar para o primeiro mundo, só porque recebeu o tão esperado Investment Grade, ou passando para o nosso bom e velho português o Grau de Investimento.
É verdade que um país quando recebe essa classificação da Standard & Poor’s, a principal provedora de informações para os mercados financeiros globais, e também a principal fonte de ratings de crédito, índices, pesquisas de investimento, avaliações de risco e dados, tem todo o direito de se sentir bem e com vontade e sede de ampliar seus horizontes, mas a coisa não é tão fácil assim.
O leitor pode achar que estou sendo pessimista por não estar soltando fogos, mas a realidade financeira do país e do mundo tem sofrido fortes mudanças nos últimos anos, o que me faz lembrar um velho mestre que dizia “economista tem que ser realista e não otimista”. Quem há cinco anos atrás imaginaria que o dólar estaria onde esta e que o maior investidor de mercados do mundo ganharia em 2007 dois bilhões de dólares aplicando em real?
É claro que compartilho a alegria geral, pois, se conseguimos o grau de investimento não foi à toa, foi devido a uma política de estado que vem desde o governo Itamar com o lançamento do real e que não foi de graça, nos custou a introdução do regime de metas de inflação e do câmbio flutuante em 1999, as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o pagamento dos juros via superávit primário, a redução do endividamento em proporção ao Produto Interno Bruto e a cara poupança interna, para a geração das reservas internacionais.
Com o novo grau que recebemos da S&P ficamos iguais na classificação com a Colômbia, a Índia, o Cazaquistão e a Romênia; ficamos um grau atrás da Tunísia e alguns graus atrás de: Barbados, Botswana, China, Malásia, México, Polônia, Rússia, África do Sul, Tailândia e Trinidad e Tobago. Com certeza a maioria desses países não chega nem perto da pujança do Brasil, mas estamos em último lugar entre os quatro emergentes do BRIC (Brasil, Rússia, índia e China).
Nossa responsabilidade agora aumenta, pois, pior do que não ter a classificação é perdê-la e espero que o governo atual mantenha a seriedade monetária e prepare o caminho para a queda da taxa de juros e para a qualificação dos trabalhadores.
Os investidores internacionais de longo prazo que fugiram dos papéis podres americanos e estão momentaneamente aplicados em commodities, agora já podem legalmente aplicar seus recursos no país, mas só virão se encontrarem terra firme para seu patrimônio e pessoal habilitado e qualificado para gerir esses recursos.
Teremos por uns dias muitos dólares entrando no país, mas não se iludam, esse aplicador que vem agora é o chamado smart money, aplicador que aproveita a onda da divulgação, ganha um lucro e vai embora, o capital que pode fazer a diferença é o que normalmente vem dos fundos de pensão que buscam aplicações a longo prazo e em empresas do ramo de construção civil, alimentação e etc., ou seja, fogem do mercado especulativo, não gostam de juros altos e de trabalhadores não capacitados.
Publicado no jornal O Progresso em 04.05.2008 - Imperatriz MA

SEM TÍTULO

Esta semana foi noticiado que o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi selecionado como um dos 100 intelectuais públicos mais importantes da atualidade, em uma lista divulgada pela revista britânica Prospect.
Segundo a publicação, a escolha dos candidatos foi feita com base em "critérios simples": os intelectuais tinham que estar vivos e ativos na vida pública. Além disso, deveriam demonstrar excelência na sua área de atuação e habilidade em influenciar debates internacionais.
FHC foi o único brasileiro escolhido pela Prospect para integrar a lista dos candidatos. A relação inclui ainda nomes como o lingüista Noam Chomsky, o Papa Bento 16, o semiólogo italiano Umberto Eco, o ex-vice-presidente dos EUA e hoje ativista ambiental Al Gore, o filósofo alemão Jürgen Habermas, o ex-presidenciável peruano Mario Vargas Llosa, entre outras personalidades.
Este fato instigou minha curiosidade e fui dar uma olhada no site oficial da Presidência da República para ver o que consta sobre o nosso atual presidente, fiquei ainda mais instigado e fui pesquisar sobre alguns outros presidentes de países hermanos.
O resultado da pesquisa foi:
Presidente do Peru – Alan Garcia - Estudou Letras na Pontifícia Universidade Católica do Peru e Direito na Universidade Nacional Mayor de San Marcos. Também estudou na Universidade Complutense de Madri e na Sorbonne, em Paris. Em 1979, foi membro Assembléia da Constituinte. Entre 1980 e 1985 exerceu mandato como adjunto. Autor de diversos livros sobre política e sociologia.

Presidente do Equador – Rafael Correa - Correa ganhou bolsas para estudar na
Europa e nos Estados Unidos. Economista, foi assessor do ex-presidente Alfredo Palacio durante suas funções como vice-presidente. Depois, foi ministro de Economia e Finanças no início da gestão de Palacio na presidencia, entre abril e agosto de 2005. Escreveu vários documentos contra a dolarização da economia, a qual qualificou como um erro técnico, ao eliminar a política monetária e cambial.

Presidente da Colombia – Alvaro Uribe - Advogado formado pela
Universidade de Antioquia, com especialização em Administração e Gerência pela Universidade Harvard. Entre 1998 e 1999 foi estudante da Universidade Oxford na Inglaterra, graças à Bolsa Simón Bolívar do Conselho Britânico.
Em 1976 foi chefe de Bens das Empresas Públicas de Medellín. De 1977 a 1978 foi secretário-geral do Ministério do Trabalho, e entre 1980 e 1982 foi diretor da Aeronáutica Civil.
Foi prefeito de
Medellín em 1982 e vereador dessa cidade entre 1984 e 1986. Foi senador da República nos períodos 1986-1990 e 1990-1994. Foi eleito governador do departamente de Antioquia para o período 1995-1997.

Presidente da Venezuela – Hugo Chaves – Egresso da
Academia Militar da Venezuela, graduado em Ciências e Artes Militares - Ramo de Engenharia. Prosseguiu na carreira militar, atingido o posto de tenente-coronel.

Presidente da Argentina – Cristina Kirchner -
Advogada, ex-senadora pela província de Buenos Aires,. De maio de 2003 a dezembro de 2007 foi também primeira-dama do país, pois é casada com o ex-presidente Néstor Kirchner, ao qual sucedeu.

Presidente do Chile - Michelle Bachelet – Licenciada pela
Universidade do Chile em médica cirurgiã pediatra com menção em epidemiologia. Na Alemanha Oriental continuou seus estudos em Medicina na Universidade von Humboldt de Berlim, bolsista do Colégio Médico do Chile se especializou em Pediatria e Saúde Pública no Hospital Roberto del Río. Até 1990 incorporou-se à ONG PIDEE (Proteção à Infância Prejudicada pelos Estados de Emergência), ajudando a filhos das vítimas do regime militar do Chile. Entre 1994 e 1997, exerceu funções como assessora do Ministério da Saúde chileno. Em 1996 ingressou num curso sobre Defesa Continental na Academia de Assuntos Políticos e Estratégicos, onde, devido ao seu bom desempenho e graças ao financiamento de uma bolsa estatal, foi convidada a estudar no Inter-American Defense College em Washington D.C., Estados Unidos da América.
Em
1998 trabalhou como assessora do Ministério da Defesa e no dia 11 de março de 2000 foi nomeada ministra da Saúde pelo presidente Ricardo Lagos.

Presidente do Uruguai – Tabaré Vázquez - estudou medicina na escola médica da Universidad de la República graduando-se como especialista em
oncologia. Em 1976 ganhou uma concessão do governo francês para receber treinamento adicional em Paris. De 1990 a 1995, Vázquez foi prefeito de Montevidéu.

Presidente eleito do Paraguai – Fernando Lugo – Bacharel em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Nossa Senhora da Assunção, em Roma realizou estudos de espiritualidade e de Psicologia e graduou-se em Sociologia com uma especialização em Doutrina Social da Igreja na Universidade Gregoriana. Trabalhou no Paraguai como professor no Instituto Superior de Teologia de Assunção, foi um membro da Comissão Doutrinária da Conferência Episcopal Paraguaia e equipe de Reflexão Teológica o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

Presidente da Bolívia – Evo Morales - Morales terminou sua educação secundária e concluiu o seu
serviço militar aos 17 anos de idade.

Presidente do Brasil – Luís Inácio - Curso primário completo, curso de torneiro mecânico SENAI, sindicalista e fundador do PT. Em 1986, foi eleito o deputado federal mais votado do país, para a Assembléia Constituinte.

Como o título deste artigo é SEM TÍTULO, deixo o final sem comentários.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Alguns não morrem jamais

Quatorze anos se passaram e ouvi hoje de manhã, na hora fatal, o Tema da Vitória.