segunda-feira, 26 de maio de 2008

Estulto ou astuto?



Sinceramente eu não sei como classificar o Sr. Luis Inácio, se como um político astuto: astucioso, sagaz, ou como estulto: carente de discernimento, tolo inepto.
Mas o pior mesmo será se ele for considerado astuto, pois nesse caso, nos considera, a todos, estultos.
Essa é a única explicação que encontro para os acontecimentos que ocorreram essas últimas duas semanas nos ministérios do Planejamento e da Fazenda, senão vejamos:
A semana passada o ministro Mantega informou que o Fundo Soberano Brasileiro (aquele criado para financiar as exportações) será financiado com parte do excedente do superávit primário, algo em torno de R$ 14 bi/ano;
A anunciada renuncia fiscal para a política industrial, notadamente para o setor exportador, é da ordem de R$ 21bi até 2011, ou seja, próximo de R$ 6 bi/ano;
A medida provisória (mais uma) enviada pelo Palácio do Planalto para o aumento dos servidores civis e militares aumenta o desembolso do governo passando de R$ 3,4 bi/ano para R$ 10,96 bi/ano, ou seja, aproximadamente R$ 7,5 bi/ano;
O aumento dos combustíveis que o governo resolveu absorver através da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), para ficar de bem com a classe média que esta comprando carro como nunca, vai gerar uma renúncia de arrecadação perto de R$ 2 bi/ano;
A isenção da cobrança do Pis/Cofins até o final do ano, na comercialização de trigo, de farinha de trigo e do pão francês, visando atenuar as elevações de preços desses produtos (só se esqueceram que as padarias na sua maioria são optantes do Simples e, portanto a isenção vai beneficiar os grandes empresários do ramo), deve contribuir com uma renúncia próxima a R$ 0,5 bi/ano.
Fechando as contas o governo nos últimos dias aumentou o gasto em R$ 21,5 bi/ano e promoveu uma renúncia de R$ 8,5 bi/ano, perfazendo um total de nada mais, nada menos que R$ 30 bi/ano, isso mesmo caros leitores trinta bilhões de reais só este ano para o setor exportador, para aumento do funcionalismo e para outros empresários.
Já para nós pobres mortais a arrecadação de impostos só faz crescer, am abril batemos um novo record R$ 59,7 bi, o número é 17,16% maior que o arrecadado no mes de março deste ano e 17,06% maior se comparado a abril de 2007, que contava com a CPMF.
E esta semana o governo vem dando a entender que quer uma nova CPMF, já que o Sr. Luis Inácio não engoliu a derrota do ano passado, claro que com outro nome, claro que não por Medida Provisória, mas por manifesto e vontade do congresso nacional, nossos representantes, ou seja, por nós. “O povo quer uma nova CPMF”.
Mas é uma contribuição pequena, só 0,08%, e a causa é justa, é para a saúde, exclusivamente para a saúde que precisa de recursos e, como vimos acima, o governo não tem de onde tirar, são somente R$ 8 bi/ano e a causa é nobre. Será que já não ouvimos esta história antes? Será que o Sr. Luís Inácio não está querendo ser astuto demais? Será que nos toma por estultos ou faz da sua estultice astúcia?
Publicado no jornal O Progresso de 25 de maio de 2008 em Imperatriz MA

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