Coloquei esse título para não colocar algo mais pejorativo, do tipo “coitado do pobre”, ou “pobre lascado”, como utilizou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Marcio Pochmann ao comentar sobre as condições de moradia dos mais pobres “o pobre esta lascado por morar na favela, as mansões pagam menos impostos que as favelas”, se referindo ao montante de 1,8% da renda despendida pelos 10% mais pobres para pagar o IPTU, enquanto que os mais ricos gastam 1,4%. Esse dado foi obtido através de um estudo realizado pelo instituto sobre a carga tributária brasileira. Essa pesquisa releva ainda que os 10% mais pobres comprometem 32,8% da renda com o pagamento de impostos e contribuições, enquanto que os 10% mais ricos pagam 22,7% em impostos.
Parece que nada pode ser pior que isso não é? Mas pode sim, pode porque outro dado da pesquisa mostra que 75% da riqueza do país esta na mão de 10% da população, ou seja, os restantes 90% dividem 25% da riqueza que produzem. Vamos fazer uma conta simples, se o Brasil crescer 4,5% esse ano o PIB previsto é de R$ 2,7 trilhões, este é o total que os estimados 185 milhões de brasileiros produzirão este ano, cabendo a cada um produzir em média R$ 14.594,60. Se 75% do valor agregado de todos os bens e serviços produzidos ficam com os 10% mais ricos eles levam em média cada um R$ 109.459,46 e os restantes 90% ficam em média com R$ 4.054,05, ou seja, 3,7% da renda média do rico.
Se levarmos em conta que o peso da tributação indireta é muito maior do que o da tributação direta, a carga tributária é maior quanto menor for à participação na renda.
E o governo para melhorar ainda mais cria o Fundo Soberano para, segundo o ministro Mantega, “apoiar projetos de interesse estratégicos do país” e para criar o fundo toma-se mais dinheiro emprestado.
Propõe uma desoneração fiscal de R$ 21 bilhões para o setor exportador, ou em outras palavras, reduz impostos de um setor específico só para compensar a baixa do dólar, mas esse é outro assunto.
Promove aumento nos preços dos combustíveis, subsidiando a gasolina, que afeta muito mais as classes alta e média e não subsidiando o diesel que acarreta aumento nos alimentos que como é sabido afeta ainda mais a renda dos mais pobres.
O presidente do IPEA de maneira demagógica sugere que se crie um imposto sobre grandes fortunas e argumenta que “se cobrasse 1% dessas pessoas, teria R$ 100 bilhões a mais nos cofres”, ou seja, propõe aumentar a carga tributária gerando novo imposto e nos bem sabemos onde recai a criação de novos impostos, sempre nos mais pobres, pois, o rico consegue repassar o aumento através dos preços dos produtos que nos compramos, o rico ganha o que gasta, o pobre gasta o que ganha. Porque não propõe a redução ou eliminação dos impostos nos produtos da cesta básica para dividir melhor a renda? O não gasto significa também aumento.
Porque não viabilizam a redução os juros da dívida interna, que já está em aproximadamente R$ 1,4 trilhões (52% do PIB), e alimenta banqueiros que nunca antes na história desse país ganharam tanto?
Porque não investe mais em educação? A falta de instrução nunca trouxe renda e riqueza, (exceto para alguém em particular).
Eu sempre ouço e leio que “Temos que acabar com a pobreza”, mas nunca ouço ou leio “Vamos dividir a riqueza”. O PIB é um só, o que produzimos é um fato, é um número real, é um valor tirado do suor do povo brasileiro, nada mais justo que esse suor e essa riqueza sejam mais bem divididos.
Publicado no jornal O Progresso em 18 de maio de 2008 Imperatriz-MA
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