quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mídia ignora Jarbas


O principal tema político do momento é a CPI da Petrobras. Com isso todos concordam, tanto que a mídia tem dado destaque ao assunto, principalmente os jornais nacionais. Mas a cobertura está capenga. Ela é toda dirigida para a reação do governo Lula e da Petrobras.
Os jornais desta terça-feira destacam que a estratégia do governo em relação a CPI foi traçada seis mãos pelo presidente Lula, o ministro Franklin Martins e o ministro José Múcio Monteiro.
O plano é carimbar na testa dos tucanos, e não no todo da oposição, que eles agem de olho na sucessão de 2010 sem se importar com a estabilidade da Petrobras.
O tom da ofensiva foi dado pelo presidente Lula da Silva ao dizer que o PSDB adotou atitude "irresponsável" e "impatriótica". O objetivo de isolar os tucanos e jogá-los contra a opinião pública.
Cumprindo a estratégia traçada por Lula, Franklin e Múcio o governo partiu para o ataque contra os tucanos, classificando a criação da CPI da Petrobras de tentativa de "desmoralização da empresa para privatizá-la", em uma clara reedição da estratégia utilizada com sucesso em 2006 durante o segundo turno da campanha eleitoral em que Lula derrotou Geraldo Alckmin.
Na segunda-feira, 18, entraram em campo entoando esse discurso os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Edison Lobão (Minas e Energia), Guido Mantega (Fazenda), Nelson Jobim (Defesa) e Carlos Lupi (Trabalho).
A repercussão dos discursos dos governistas permeou todo o noticiário dos telejornais da noite de segunda-feira, 18, e dos principais jornais do país em suas edições de terça-feira, 19.
Enquanto isso, o discurso veemente do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) respondendo as declarações de Lula e seus áulicos sobre a CPI da Petrobras foi ignorado pela mídia nacional, com exceção é claro da mídia pernambucana.
Jarbas respondeu a altura. Em seu discurso na tribuna do Senado reagiu com veemência a estratégia montada por Lula, Franklin e Múcio.
Durante seu discurso, Jarbas enumerou cinco irregularidades cometidas pela estatal: superfaturamento, apontado pelo TCU, em diversas obras; manobras da estatal, questionadas pela Receita, para não recolher R$ 4 bilhões em impostos; empréstimo de emergência de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal por causa os aumentos dos gastos operacionais da empresa; pagamento irregular, conforme a Polícia Federal, de royalties a municípios por parte da empresa; e uso político da companhia, através de uma ONG ligada ao PT baiano, para financiar festas de São João na Bahia.
Jarbas pegou pesado. Afirmou que Lula e o PT não "têm moral" para falar em irresponsabilidades ou impatriotismo, lembrando que o presidente e o seu partido não quiseram assinar a Constituição de 88, votaram contra o Plano Real, votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e votaram contra o Proer, que agora Lula anda vendendo aos países ricos como a solução para a crise econômica, segundo Jarbas.
- É uma falácia que a CPI da Petrobras vai prejudicar a economia brasileira. Há 17 anos, o Congresso tirou um presidente da República e o Brasil continuou sendo o Brasil. O presidente não pode acusar a oposição de irresponsável por propor uma CPI para investigar uma empresa estatal que é acusada de corrupção - afirmou Jarbas Vasconcelos.
Jarbas lembrou que Lula e o PT, antes de assumirem o governo em 2003, propuseram dezenas de CPIs contra todos os governos, de Sarney a FHC. Mais incisivo Jarbas acusou o presidente Lula e seu governo de construir um "aparelhamento ideológico e partidário" na Petrobras.
- A Petrobras não é do PT. A Petrobras é do Brasil, dos brasileiros - afirmou.
Para Jarbas, um dos objetivos da CPI "é impedir que este governo comprometa o futuro" da empresa.
- Quem é o presidente Lula para falar de patriotismo quando faz a Petrobras ser humilhada pelos governantes da Bolívia, da Venezuela e do Equador? Quando o presidente afirma que a CPI é eleitoreira, é uma desfaçatez. Quem foi que montou um palanque e lançou a ministra Dilma Rousseff candidata à Presidência da República? Não é hora de querer fazer a opinião pública de idiota, de começar a dizer lorotas. O governo precisa respeitar o papel da oposição. O governo ganha a eleição para governar. A oposição perde a eleição e vai fiscalizar o governo. Se o governo não cumpriu as suas obrigações de administrar com correção e, sobretudo, com honestidade, a oposição tem à função de fiscalizar sem medo de cara feia ou de ameaças.
Estranhamente, do Jornal Nacional a Folha de São Paulo, nem uma linha sobre a principal reação da oposição a estratégia do governo.
Estranho, muito estranho, principalmente por que a mídia deu um amplo espaço a Jarbas quando ele desancou o seu partido e não dá agora quando ele eleva o tom contra Lula.
Pelo visto, dá para se começar a pensar que estão usando a mídia para desestabilizar o PMDB, o Congresso Nacional e a oposição.
Será que colocaram um jabuti na árvore?

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