Calma, não é mais uma doença no gado, tipo a febre aftosa, nem é tampouco uma doença causada pela ingestão de produtos estranhos no leite consumido diariamente. Essa doença tem origem na Holanda (daí o seu nome) e surgiu nos anos 60 quando o país descobriu uma imensa reserva de gás natural
“Depois das descobertas, seguiu-se um período em que a Holanda se transformou em grande exportadora de energia, provocando a valorização do florim que, por sua vez, reduziu a competitividade dos bens de origem industrial, resultando em desindustrialização. As indústrias têxteis e de vestuário praticamente desapareceram, indústrias tradicionais, como de veículos e de navios, encolheram, enquanto cresceu o setor de serviços. Esse processo foi denominado doença holandesa” (SCHEINKMAN, 2006).
Esse temor tem assombrado as mentes de alguns economistas do nosso Brasil brasileiro, e não sem motivo, senão vejamos:
O Brasil afirmando sua tradição econômica colonial é um grande exportador de commodities, tais como a soja e o ferro. Com o crescimento da demanda mundial desses produtos, essas exportações têm propiciado superávits comerciais que vêem se transformando em acumulação de reservas.
Essa acumulação de reservas torna o país mais seguro para os investidores estrangeiros (e muito atraente pelo montante de juros reais pagos), quanto maiores as reservas, tanto mais seguro se torna investir no país, quanto maior a segurança, menor risco Brasil, quanto menor o risco mais investimentos, quanto mais investimentos, mais dólares entrando, quanto mais dólares entrando, melhores as reservas e assim segue-se um ciclo que aparentemente é virtuoso, mas pode se tornar perigoso.
Perigoso porque este processo, juntamente com outros fatores da conjuntura global, esta levando a moeda nacional a uma consistente valorização frente ao dólar.
O real valorizado torna mais caro o produto nacional, dificultando e até inviabilizando a exportação de produtos que não estejam com a demanda aquecida pelo mercado internacional. O real valorizado frente ao dólar leva as indústrias nacionais a trabalharem unicamente para o mercado interno, onde enfrentam forte concorrência com os produtos importados que se tornam cada vez mais acessíveis devido ao mesmo motivo, moeda nacional valorizada.
Não é preciso ser economista ou vidente para perceber que a indústria nacional pode pegar o vírus da doença holandesa, ainda mais se for levado em conta que tanto lá na Holanda como aqui no Brasil o setor que vem apresentando crescimento e lucros absurdamente altos é o setor de serviços. Este fato é facilmente comprovado pelos lucros, exorbitantes, divulgados pelas principais instituições bancárias ultimamente.
As empresas transnacionais não são afetadas por essa doença, pelo sistema que operam elas são ao mesmo tempo exportadoras e importadoras, sempre transacionando de maneira que obtenham o maior lucro, independentemente do país onde estejam situadas suas plantas.
O quadro acima já estava posto, quando a Petrobrás anuncia a descoberta do poço de Tupi em Santos, São Paulo, que pelas primeiras informações, poderá mais que dobrar as reservas brasileiras incluindo o Brasil no time dos exportadores de petróleo, um novo membro da OPEP, como alardeou o sheik Lula.
Se a possibilidade de surgir no país o “mal dos recursos naturais” (outro nome da doença holandesa) já era grande, é de causar preocupação o surgimento de tamanha reserva natural.
De acordo com a Área de Pesquisa Econômica (APE) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o crescimento nos investimentos mapeados na indústria para o período 2008/2011 esta estimado em 12,4% a.a., sendo que se destacam os setores Extrativo Mineral e o Petroquímico, ou seja, commodities.
Se não houver uma visão estratégica do governo, o desenvolvimento do país poderá estacionar e deixar o Brasil a mercê do mercado internacional, tal qual o Peru na época do guano em meados do século XIX.
Enquanto o mercado mundial estiver aquecido com a demanda de commodities o Brasil segue seu curso, exportando e consumindo importados baratos e de qualidade duvidosa, sem se preocupar em desenvolver e estimular a indústria nacional que gera emprego, renda e que não exporta royalty.
Quando a festa acabar, como aconteceu com o guano no Peru, poderão restar somente os escombros de uma tsunami.
“Depois das descobertas, seguiu-se um período em que a Holanda se transformou em grande exportadora de energia, provocando a valorização do florim que, por sua vez, reduziu a competitividade dos bens de origem industrial, resultando em desindustrialização. As indústrias têxteis e de vestuário praticamente desapareceram, indústrias tradicionais, como de veículos e de navios, encolheram, enquanto cresceu o setor de serviços. Esse processo foi denominado doença holandesa” (SCHEINKMAN, 2006).
Esse temor tem assombrado as mentes de alguns economistas do nosso Brasil brasileiro, e não sem motivo, senão vejamos:
O Brasil afirmando sua tradição econômica colonial é um grande exportador de commodities, tais como a soja e o ferro. Com o crescimento da demanda mundial desses produtos, essas exportações têm propiciado superávits comerciais que vêem se transformando em acumulação de reservas.
Essa acumulação de reservas torna o país mais seguro para os investidores estrangeiros (e muito atraente pelo montante de juros reais pagos), quanto maiores as reservas, tanto mais seguro se torna investir no país, quanto maior a segurança, menor risco Brasil, quanto menor o risco mais investimentos, quanto mais investimentos, mais dólares entrando, quanto mais dólares entrando, melhores as reservas e assim segue-se um ciclo que aparentemente é virtuoso, mas pode se tornar perigoso.
Perigoso porque este processo, juntamente com outros fatores da conjuntura global, esta levando a moeda nacional a uma consistente valorização frente ao dólar.
O real valorizado torna mais caro o produto nacional, dificultando e até inviabilizando a exportação de produtos que não estejam com a demanda aquecida pelo mercado internacional. O real valorizado frente ao dólar leva as indústrias nacionais a trabalharem unicamente para o mercado interno, onde enfrentam forte concorrência com os produtos importados que se tornam cada vez mais acessíveis devido ao mesmo motivo, moeda nacional valorizada.
Não é preciso ser economista ou vidente para perceber que a indústria nacional pode pegar o vírus da doença holandesa, ainda mais se for levado em conta que tanto lá na Holanda como aqui no Brasil o setor que vem apresentando crescimento e lucros absurdamente altos é o setor de serviços. Este fato é facilmente comprovado pelos lucros, exorbitantes, divulgados pelas principais instituições bancárias ultimamente.
As empresas transnacionais não são afetadas por essa doença, pelo sistema que operam elas são ao mesmo tempo exportadoras e importadoras, sempre transacionando de maneira que obtenham o maior lucro, independentemente do país onde estejam situadas suas plantas.
O quadro acima já estava posto, quando a Petrobrás anuncia a descoberta do poço de Tupi em Santos, São Paulo, que pelas primeiras informações, poderá mais que dobrar as reservas brasileiras incluindo o Brasil no time dos exportadores de petróleo, um novo membro da OPEP, como alardeou o sheik Lula.
Se a possibilidade de surgir no país o “mal dos recursos naturais” (outro nome da doença holandesa) já era grande, é de causar preocupação o surgimento de tamanha reserva natural.
De acordo com a Área de Pesquisa Econômica (APE) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o crescimento nos investimentos mapeados na indústria para o período 2008/2011 esta estimado em 12,4% a.a., sendo que se destacam os setores Extrativo Mineral e o Petroquímico, ou seja, commodities.
Se não houver uma visão estratégica do governo, o desenvolvimento do país poderá estacionar e deixar o Brasil a mercê do mercado internacional, tal qual o Peru na época do guano em meados do século XIX.
Enquanto o mercado mundial estiver aquecido com a demanda de commodities o Brasil segue seu curso, exportando e consumindo importados baratos e de qualidade duvidosa, sem se preocupar em desenvolver e estimular a indústria nacional que gera emprego, renda e que não exporta royalty.
Quando a festa acabar, como aconteceu com o guano no Peru, poderão restar somente os escombros de uma tsunami.
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