sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Multipresidente

Tenho o hábito, ou mania não sei bem dizer, de todo final de ano dar uma repensada de como foi o ano que se finda, comparo-o aos anos anteriores e fico imaginando e planejando o ano ou anos seguintes, ou seja, como a grande maioria das pessoas nesta época, faço planos e tendo rever os meus erros para não comete-los novamente. Trabalhei com um diretor de uma grande empresa que sempre nos repetia “vamos fazer erros novos, chega de repetir sempre os mesmos”.
Fazendo essa comparação do ano que passou com os anos passados vi que minhas críticas ao governo Lula eram injustas, afinal chegamos ao IDH 0,800 entramos no rol dos países com alto Índice de Desenvolvimento Humano; estamos entre as dez nações mais ricas do planeta; aparentemente, apesar de todo alarde, a perda da arrecadação da CPMF de R$ 40 bi/ano não deixou o presidente tão preocupado assim e até já arrumaram um jeito de controlar os famigerados Caixas Dois de outra maneira; tivemos o maior superávit primário desde 1998; a Bolsa de Valores cresceu de maneira sustentada e foi o melhor investimento do ano, etc, etc, etc, ou seja, “Nunca na História Desde País” estivemos tão bem.
Como professor e economista me senti obrigado a fazer uma análise um pouco mais aprofundada desde momento histórico vivido pelo nosso país e vou explicar o porquê do título desde artigo, senão vejamos:
O primeiro presidente do Brasil que afirmou que ia deixar a esquerda perplexa e a direita estupefata (não lembro se nessa ordem) foi o presidente Collor, prometeu e cumpriu, deixou-nos a todos tontos, independente da formação política. O segundo que fez isso foi o Sr. Luis Inácio e sem alardear pra ninguém, afinal foi eleito “pelo povão” que queria mudanças na política e na economia. Não mudou a política, nem a economia e foi reeleito por ampla maioria. O Collor que precisava constantemente criar frases de efeito: “tenho aquilo roxo”, “o tempo é o senhor da razão”, “minha gente”, etc. deve que renunciar por pressão popular. O Luis Inácio com duas frases: “eu não sabia” e “nunca na história desse país”, sofre pressão para o terceiro mandato.
O primeiro presidente do Brasil que adorava viajar e deixar tudo na mão do ministro da fazenda foi o Itamar que tentou tantos ministros quantos foram necessários até acertar um, coincidentemente o Fernando Henrique. O Luís Inácio teve o Palocci, que incumbido da política econômica deu conta de primeira, foi esperto o suficiente para não inventar a roda e sim continuar a fazê-la girar tal qual estava girando, passando segurança e estabilidade ao mercado mundial, enquanto o Luís Inácio viajava pelo mundo mostrando que no Brasil existia democracia de fato, que mesmo sendo candidato popular e de esquerda, ganhou e levou.
O primeiro presidente a conseguir (não sei se esse é o termo correto) a reeleição foi o Fernando Henrique, que após “extenuante” batalha no congresso conseguiu emplacar a nova ordem, mesmo com os votos contrários do partido do Luís Inácio que era radicalmente contra. Era contra a reeleição assim como era contra as privatizações que acabaram propiciando um enorme crescimento no setor de serviços, que acabou beneficiando a nova sistemática de cálculo do PIB que finalmente acabou elevando a renda per capita que entrou no cálculo do IDH de 0,800. Era contra o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) que acabou por resultar num sistema financeiro sólido e confiável, capaz de atingir hoje lucros que nunca na história desse país tinham atingido. Era contra a aproximação do Fernando Henrique com o presidente dos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton, mas é parceiro do republicano “companheiro Bush”.
Minhas divagações continuam e acabo viajando demais, lembrando de coisas pequenas como a crítica correta ao Fernando Henrique quando pediu que esquecessem o que escreveu, mas afirmando agora “que quando se esta no governo enxerga as coisas diferentes, mais para o centro”.
Acho que deu para o leitor entender agora o título do artigo, o presidente aparentemente mais ignorante, por não ter estudado, é na verdade o mais inteligente e o mais sagaz, pois, soube e sabe aproveitar muito bem tudo o que os outros, inclusive o Luís Inácio, fizeram de bom e de ruim.
Artigo publicado no jornal O Progresso em 13.01.2008

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