domingo, 17 de agosto de 2008

Petrosal




Pode estar surgindo uma nova empresa estatal brasileira a “Petrosal”, empresa incumbida de gerenciar os novos recursos de hidrocarbonetos existentes na região conhecida como pré-sal.
Temos ouvido falar muito do petróleo existente nessa camada pré-sal, mas o que vem a ser essa camada e como surgiu essa reserva?
Não querendo se contrapor ao Sr. Luís Inácio, essa reserva não é uma “chance que Deus está nos dando” e sim uma poupança criada há muito tempo.
Existe uma camada de sal que está enterrada no fundo do mar servindo de tampão para que organismos microscópicos que se depositaram no mar primordial, formado pelo afastamento dos continentes sul-americano e africano, se tornassem petróleo.
Há 200 milhões de anos existia a Gondwana, a África e a América do Sul eram unidas, faziam parte do supercontinente do sul, que quando se rompeu para formar o que é hoje o nosso oceano atlântico, gerou inicialmente vários mares rasos que receberam algas e microorganismos chamados de fitoplâncton e zooplâncton. Quando da evaporação da água nestes mares rasos, essas algas e microorganismos morreram e foram enterrados. Com o passar do tempo, sob pressão, transformaram-se neste petróleo que hoje é a nossa poupança esperando ser resgatada.
O grande problema que se debate hoje é: quem resgatará essa poupança? A Petrobrás, empresa nacional, mas com forte participação de capitais estrangeiros ou uma nova empresa estatal a ser criada pelo governo?
Este debate não pode ficar nos palanques eleitoreiros dando margem a arroubos populistas e sim ser debatido técnica e financeiramente.
A Petrobrás estima que o Brasil possa passar da 24º posição no ranking dos países com as maiores reservas de óleo e gás no mundo para o 8º ou 9º lugar, caso se confirmem às estimativas preliminares sobre as acumulações na camada de pré-sal. Isto representaria um crescimento dos atuais 14,4 bilhões de barris de óleo para algo entre 70 bilhões e 107 bilhões de barris.
É de se esperar que com o preço do barril nas alturas, e com tendência a aumentar ainda mais no longo prazo, a “briga” para ver quem vai explorar, e portanto lucrar, com essa poupança seja grande, e envolva diversos “outros interesses”.
Uma das sugestões é a utilização do modelo norueguês, onde o governo possui duas estatais no setor petrolífero. Uma é a Statoil, similar à Petrobrás, explora petróleo é controlada pelo governo e tem parte de seu capital nas mãos de investidores privados. A outra é a Petoro, estatal que administra as reservas de petróleo, mas não explora, portanto, não concorre diretamente com a outra empresa.
A Petoro define onde explorará petróleo, faz licitações para contratar empresas que realizem a prospecção e estabelece como a companhia exploradora será remunerada, se por meio de participação ou partilha.
Além dessa preocupação, não devemos esquecer de outro problema que certamente rondará nossas cabeças com a receita dos dólares ou euros que entrarão no país, a doença holandesa ou “mal dos recursos naturais”.
Publicado no jornal O Progresso em 17 de agosto de 2008 - Imperatriz-MA

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