segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Melhor negócio que banco, só banco brasileiro.


Dados publicados esta semana pela Consultoria Economática revelam que o setor bancário foi o mais lucrativo entre as empresas brasileiras de capital aberto no primeiro semestre de 2008. O setor bancário atingiu lucro líquido de R$ 16,579 bilhões de janeiro a junho, superando em R$ 770 milhões o segundo colocado que foi o de petróleo e gás, representado principalmente pela Petrobras, com lucro de R$ 15,809 bilhões.
Os bancos brasileiros superaram inclusive os bancos americanos, pois levando-se em conta a rentabilidade média dos balanços publicados por 23 instituições no Brasil e 81 nos EUA no primeiro semestre deste ano, os bancos brasileiros registraram rentabilidade de 21,7%, enquanto que os bancos americanos atingiram 8,9%.
Se forem comparados os quatro maiores bancos do Brasil como quatros maiores dos Estados Unidos, a diferença aumenta ainda mais.
A rentabilidade dos big four brasileiros no primeiro semestre deste ano é de 28,5%, quatro vezes maior que a dos americanos, meros 7,1%.
Os quatro maiores bancos brasileiros são o Itaú (rentabilidade de 30%), o Unibanco (30%), o Banco do Brasil (27%) e o Bradesco (26,5%). Já os americanos são o Goldman Sachs (23,2%), o JP Morgan Chase (8,5%), o Bank of America (5,8%) e o Citigroup (-11,5%).
Como os bancos brasileiros conseguem essa rentabilidade e esses lucros não é novidade para nós, usuários e clientes das instituições.
- Como nos tornamos o país do crédito fácil, por excesso de dinheiro na mão de poucos, e ainda somos classificados como clientes de alto risco, a fórmula é simples: risco alto, mais crédito fácil, mais demanda aquecida, igual a juros estratosféricos.
De acordo com o Banco Central, os juros do cheque especial em junho chegaram a 159,1% a.a, em julho a 162,7% a.a e vamos ver há quanto fechará em agosto.
O spread, ou ganho dos bancos com a diferença entre as taxas de aplicação e de captação, foi de 24,5% em junho e 25,6% em julho.
O volume global de crédito do sistema financeiro atingiu em julho o recorde histórico de 37% do Produto Interno Bruto (PIB), ou quase R$ 1,086 trilhão. É a maior relação na proporção com o PIB da série iniciada pelo Banco Central em julho de 1994.
- As tarifas bancárias de acordo com uma pesquisa do portal "Vida Econômica", mostra que os bancos continuaram reajustando os preços das tarifas apesar das novas regras, vigentes desde maio, que estabeleceram prazo de 180 dias para mudanças de preços. Foram encontrados aumentos de até 1.150%.
- Os governos municipais, estaduais e federal já pagaram este ano mais de R$ 100 bilhões em juros aos credores da dívida pública, dentre eles, os bancos.
A despesa recorde de juros pagos aos bancos e investidores é explicada por vários fatores, um deles é a alta da inflação que eleva a despesa nos papéis corrigidos por indicadores de preço. Outro fator é da taxa Selic - Taxa básica de juros - com o aperto monetário iniciado em abril, o custo dos papéis que seguem a Selic sobe. No início do ano, a despesa mensal com esses títulos era de cerca de R$ 5 bilhões. Em julho, já estava em R$ 7,7 bilhões. Outros fatores são o constante aumento da dívida pública e as oscilações no cambio.
O Sr. Luís Inácio já afirmou que acha "escorchantes" as taxas de juros praticadas pelos bancos brasileiros, ora, como banco é uma atividade regulamentada, sujeita a estrita fiscalização e controle do poder estatal, basta obrigar o sistema bancário brasileiro a funcionar como o de qualquer país industrializado. O dinheiro depositado de um dia para o outro, ou por poucos dias, se não rende juros ao correntista, não pode render juros aos bancos quando o aplicam junto ao Banco Central. Na contabilidade mais simples os bancos pegam nosso dinheiro depositado, não nos pagam juros algum e emprestam para o governo cobrando juros altos. Como quem paga a conta do governo é a população, nós pagamos juros do nosso próprio dinheiro.

Publicado no jornal O Progresso de Imperatriz em 31.08.08

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