domingo, 6 de julho de 2008

Preocupação ou alarmismo?





O ministro Mantega tem dito que estão fazendo alarmismo com os índices de inflação discutidos pela imprensa falada e escrita. De acordo com o ministro “Está havendo um certo exagero em analisar a inflação brasileira. Não há necessidade de alarmismo. Há uma elevação sim, mas é uma elevação moderada. Temos armas para evitar a inflação”. Deve ser para evitar alarmismos que o IPEA decidiu não divulgar mais as estimativas de inflação, só divulgando quando for conveniente.
Já o Sr. Luís Inácio, que desta vez não tem como por a culpa no governo anterior, afirma que há uma crise sim e que a culpa é dos gringos. No fórum especial do Mercosul ele afirmou que os 400 bancos europeus e americanos são os responsáveis pela crise; que não devemos aceitar a culpa que nos querem impingir quando culpam os biocombustíveis pela alta dos alimentos.
Desse jeito, daqui a pouco, vão dizer que inflação é coisa de aloprado, que basta o congresso fazer uma CPI para descobrir de quem é a culpa e pronto; é só não achar culpado que acaba a inflação.
Nas crises do petróleo em 1973 e 1979 o Brasil cometeu o erro de achar que a crise era passageira, que não dando a devida atenção não seriamos atingidos, vivíamos o Milagre Brasileiro, nada poderia nos atingir, estávamos blindados contra a crise, “esse é o país que vai pra frente”. Quem tem mais de 30 anos ou já estudou a história recente do país, sabe no que deu. E olhe que naquele tempo nem estávamos globalizados como estamos hoje, o mundo tinha outra dinâmica, as interações entre as economias dos países seguia um ritmo bem mais lento e distante.
O ministro Mantega disse também, completando sua fala anterior, que “a tendência é que a inflação continue tendo elevação, que continue havendo essa contaminação de outros preços da economia, mas ela volta a uma tendência decrescente no ano que vem”. Para verificar essa tendência analisemos o IGP-M que apesar de não ser o índice oficial de inflação, nos permite visualizar a economia do país, pois, ele contempla o índice de Preços por Atacado (IPA), que tem peso de 60% do índice, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% e o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que tem peso 10%.
Observando a inflação acumulada nos últimos doze meses podemos notar que ela é crescente, era de 3,896% em junho de 2007, passou para 7,746% em dezembro do mesmo ano e chegou a 13,438% no mês passado, isso nos mostra uma tendência segura e constante de alta.
Quanto à inflação acumulada no ano de 2008 já chegamos ao acumulado de 6,818% até o mês de junho e estamos bem próximos da inflação acumulada em todo o ano de 2007 que foi de 7,746%.
Não é alarmismo é preocupação.


Publicado no jornal O Progresso de Imperatriz em 06 de julho de 2008













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